terça-feira, 29 de março de 2011

E SE UMA BOMBA ATÔMICA EXPLODISSE NA SUA CIDADE?



Uma bomba nuclear de apenas um kiloton dentro de uma maleta pode destruir dezenas de quadras no centro de uma cidade populosa. A reação térmica pulveriza a área mais próxima com uma violenta explosão e literalmente queima o que estiver um pouco mais distante.
Mas a destruição não acaba por aí. Neste mesmo cenário a mais leve brisa pode carregar isótopos radioativos, um subproduto da reação nuclear, a dezenas de quilômetros de distância. A radiação causa envenenamento. Quem não morre por causa da pressão da explosão, ou ainda assim não queima vivo ainda pode ser contaminado diretamente ou através da água e alimentos. Caso sobreviva, ainda pode sofrer de câncer e outras doenças ou gerar filhos com graves deformações.
A maior bomba nuclear já testada, a Czar, da extinta União Soviética, se detonada em São Paulo, poderia contaminar praticamente a América do Sul inteira com radiação emitida de uma explosão equivalente a 50 milhões de toneladas de TNT. A reação térmica seria sentida na Angola, do outro lado do Atlântico.

Abaixo você pode detonar qualquer endereço do planeta com os mais diversos tipos de artefatos nucleares já testados. Basta digitar o endereço e clicar em ‘pesquisar’. Abaixo a esquerda selecione a arma de destruição em massa de sua preferência e clique em ‘nuke it’. Nas abas no topo você pode navegar entre a pressão causada, a reação térmica e a dispersão de isótopos radioativos. Divirta-se.
O widget foi criado no Carlos Labs. As fórmulas utilizadas para calcular o resultado que você vê acima tem sua fonte na Federation of American Scientists e Wikipedia.

segunda-feira, 28 de março de 2011

TELÔMEROS

Por: Luiz Gustavo M. Figueredo 
(28/03/2011)

Talvez um leigo não tenha noção da complexidade da vida e talvez não atribua o devido tempo para seu entendimento. É um tanto curioso e fascinante, por exemplo, o papel dos telômeros e das telomerases no núcleo celular. Estas enzimas (as telomerases) estão potencialmente em atividade apenas nas células embrionárias, em células germinativas e também nas cancerosas, sintetizando as extremidades da molécula de DNA mantendo a estabilidade dos cromossomos. É disso que falo ! A complexidade destes processos que estão ocorrendo em perfeita sintonia neste momento em nosso corpo. Comece a entendê-los !

O que são os telômeros?


Os telômeros, também chamados de "relógio biológico", são estruturas relacionadas diretamente com o processo de senescência celular. Estudos indicam que os telômeros vão se "degenerando" ao longo do tempo devido à perda de nucleotídeos durante as divisões celulares. Isso ocorre durante a replicação do DNA, onde a DNA-polimerase não consegue se ligar à fita em suas regiões terminais para dar continuidade ao processo. Isso faz com que os telômeros de suas células-filhas sejam um pouco menores. Os telômeros funcionam como um protetor para os cromossomos assegurando que a informação genética (DNA) relevante seja perfeitamente copiada quando a célula se duplica.
Quando uma célula do nosso corpo se reproduz, as células-filhas herdam telômeros um pouco mais curtos. Até certo ponto, a perda de pedaços das pontas dos cromossomos não acarreta nenhum problema à célula, pois os segmentos de DNA que constituem os telômeros não possuem genes. Se as células continuarem a se reproduzir após terem perdido todo o telômero, elas passam a perder pedaços de DNA que constituem os genes; quando isso ocorre, as células formadas não sobrevivem.

O QUE ATRAI O ESPERMATOZÓIDE?

Por: Mayana Zatz (25/03/2011)
Fonte: Veja


A corrida do espermatozóide para alcançar o óvulo não é fácil. Quando ele finalmente chega lá tem que atravessar camadas espessas de muco que envolvem o óvulo para conseguir penetrá-lo e permitir que seu genoma funda-se  finalmente ao do óvulo, um processo denominado fertilização. Sabemos que o hormônio feminino progesterona tem um papel importante nesse processo. Mas não sabíamos como ele regulava a corrida e a penetração do esperma dentro do óvulo. Dois trabalhos independentes, realizados por pesquisadores da Alemanha e Estados Unidos,  publicados na revista Nature desse mês, mostram como o esperma reage ao progesterona. Essas pesquisas – além de poder esclarecer alguns problemas de infertilidade – poderão ajudar a desenvolver novas drogas contraceptivas.

A progesterona ativa um canal de cálcio no espermatozóide humano

Em experimentos anteriores já foi mostrado que os espermatozóides se direcionam para áreas com altos níveis de progesterona. Esse hormônio também ativa o flagelo, que move o esperma, um fenômeno denominado de hiperatividade.  A novidade é que a progesterona ativa um canal do espermatozóide, chamado CatSper,  permitindo a entrada de cálcio dentro da célula reprodutora masculina. Camundongos que não têm esse canal são inférteis e isso já foi observado também em alguns homens que têm mutações nos genes responsáveis pela produção desse canal.  Espermatozóides sem esse canal também não podem tornar-se hiperativos.

Como foram os experimentos?

Os pesquisadores americanos desenvolveram um método para medir a corrente elétrica gerada por íons como o cálcio (de modo análogo à corrente elétrica dos neurônios ou células nervosas). Verificaram que quando adicionavam progesterona, o hormônio feminino, havia um aumento da atividade elétrica e quando tratavam espermatozóides com um bloqueador do CatSper acontecia o contrário. Já os pesquisadores europeus mostraram que quando adicionavam progesterona aos espermas, o nível de cálcio dentro dos espermas aumentava instantaneamente

Infertilidade e contracepção

O mais interessante é que os resultados desse trabalho podem explicar alguns casos de infertilidade. Isto é, em alguns casos os óvulos não produziriam quantidade suficiente de progesterona ou alguns espermatozóides não reagem adequadamente em resposta a esse hormônio feminino. Segundo alguns cientistas, essa observação pode ser útil e facilmente contornada no processo de fertilização “in vitro” sobre o qual já escrevemos  anteriormente quando falamos de diagnóstico pré-implantação.
Talvez o mais interessante seria a possibilidade de, a partir dessas descobertas, desenvolver uma droga que bloqueasse o canal de cálcio, e que seria um contraceptivo ideal. A grande vantagem é que aparentemente só os espermas é que produzem o canal CatSper e portanto seria um droga específica que poderia não ter muitos efeitos colaterais. E a outra grande vantagem é que poderia ser tomada tanto pelo homem como pela mulher.

Você sabia?


1. O animal mais prolífico da natureza é o rato. As fêmeas dão entre três e seis ninhadas por ano. Um só casal, ao fim de três anos, pode dar origem a dez gerações. É por isso que o rato é o animal preferido nas pesquisas genéticas de laboratórios.

2. A ovelha Dolly tem este nome porque ela foi criada a partir de uma célula da glândula mamaria da mãe, e em homenagem aos grandes seios de Dolly Parton.

3. 17:00 h – é a melhor hora do dia para fazer amor se quiser ter filhos, de acordo com um estudo realizado em Itália.

4. Os CDs foram concebidos para comportar 74 minutos de musica porque essa é a duração da Nona Sinfonia de Beethoven.

5. É fisicamente impossí­vel lamber o próprio cotovelo.

6. A maneira mais fácil de diferenciar um animal carnívoro de um herbívoro é olhando para os seus olhos. Os carnívoros (cães, leões) possuem os olhos na parte da frente da cabeça, o que facilita a localização do alimento. Já os herbívoros (aves, coelhos) possuem os olhos do lado da cabeça para perceber a aproximação de um possível predador.

7. Se as doenças do coração, o câncer e o diabetes fossem erradicados, a expectativa de vida do homem seria 99,2 anos. 

8. O "J", é a única letra que não aparece na tabela periódica dos elementos. 

9. 120 milhões de relações sexuais acontecem diariamente no mundo.



10.  O isqueiro foi inventado antes do fósforo.





segunda-feira, 21 de março de 2011

NOVO TESTE PRÉ-NATAL PARA SÍNDROME DE DOWN

Por: Mayana Zatz (11/03/2011)
Fonte: Veja




Na semana passada falei dos novos testes que laboratórios britânicos prometem lançaem breve para casais que pretendem ter filhos. Esses testes lhes permitirão saber de antemão se têm um risco aumentado para cerca de 600 doenças genéticas e prevenir o nascimento de crianças afetadas por doenças graves. Mas esses exames não poderão prever se o casal tem risco de vir a ter uma criança com uma alteração cromossômica porque a grande maioria dos casos surgem por mutação nova e não são herdados.



Temos 46 cromossomos


Todos nós temos 46 cromossomos ou 23 pares: 23 herdados da mãe e 23 de origem paterna. Desses, 22 são iguais no homem e na mulher (os autossomos) e o 23º par é o que vai determinar o nosso sexo: XX para o sexo feminino e XY para o sexo masculino. A mãe transmite sempre o cromossomo X para seus descendentes e portanto quem vai determinar o sexo é o cromossomo que vem do pai. Se o espermatozoide que ganhou a corrida tiver um X, será mulher. Se for Y, será homem. Nesses 46 cromossomos estão os 20 mil e poucos genes que vão determinar nossas características hereditárias.


Alterações nos números de cromossomos geralmente são letais


Um embrião com alterações no número ou na estrutura dos cromossomos dificilmente sobrevive. De fato cerca de 50% dos embriões abortados espontaneamente no primeiro trimestre da gestação têm alterações cromossômicas. Isso quando conseguem viver algumas semanas porque muitas vezes a sobrevida é tão curta que a mulher nem se dá conta de que ficou grávida. Mas existem exceções: dentre os 23 pares de cromossomos, três permitem que uma gestação vá a termo mesmo quando estão em dose tripla – denominada trissomia. São os cromossomos 13, 18 e 21. O bebê então nascerá com 47 cromossomos. Trissomias dos cromossomos 13 e 18 são responsáveis por síndromes graves letais geralmente na primeira infância. Mas a trissomia do cromossomo 21, responsável pela síndrome de Down, é compatível com uma sobrevida longa.


A síndrome de Down


A síndrome de Down, causada pela trissomia do cromossomo 21, tem uma incidência de cerca de 1 em 600 na população jovem mas o risco aumenta com a idade materna, podendo ser de 1 a 4% em mulheres de mais de 40 anos. Por isso mulheres que engravidam nessa faixa etária recorrem frequentemente ao diagnóstico pré-natal (DPN)  para saber se seu feto tem uma alteração cromossômica, não só do cromossomo 21 mas de outros também. O exame é feito comumente em amostra de vilosidades coriônicas (ou anexos embrionários retirados via vaginal) – que têm a mesma constituição do feto – entre 10 e 12 semanas de gestação. Embora o risco de aborto seja pequeno ele existe e o DPN não deixa de ser um exame invasivo.


Novo exame poderá ser feito no sangue materno


Um grupo de cientistas da Universidade de Chipre acaba de publicar um trabalho mostrando 100% de acerto no diagnóstico de síndrome de Down em amostra do sangue materno. O exame foi feito entre 11 e 14 semanas de gestação. Os pesquisadores receberam 40 amostras em teste cego: 26 eram de fetos normais e 14 de fetos com trissomia do 21. Acertaram em todos os casos. A técnica baseia-se no fato de que nos fetos algumas regiões cromossômicas estão silenciadas, isto é, os genes daquela região não se expressam. Os pesquisadores conseguiram identificar quais eram essas regiões no cromossomo 21 e isso lhes permitiu descobrir, se estavam em quantidade normal ou em excesso no sangue da gestante. Se estivesse em excesso, significaria que havia um cromossomo a mais e portanto que o feto tinha síndrome de Down.


É só um começo


A técnica precisa ser validada em outras amostras, mas ela parece promissora. Segundo os autores, essa mesma estratégia poderá ser usada para descobrir se o feto tem outras alterações cromossômicas sem que se tenha de recorrer a um exame invasivo que é cada vez mais comum em mulheres de mais de 40 anos. Embora a síndrome de Down seja compatível com a vida e com uma inserção social cada vez maior, o mesmo não se pode dizer de outras alterações cromossômicas. Portanto, poder garantir com uma simples coleta de sangue que o feto não possui uma alteração cromossômica trará certamente um grande alívio para inúmeras gestantes.

terça-feira, 8 de março de 2011

REINO UNIDO LANÇARÁ KITS DE DNA PRÉ-CONCEPÇÃO

Por: Mayana Zatz (04/03/2011)
Fonte: Veja



Dentro de alguns meses as clínicas de fertilidade da Grã Bretanha vão lançar um kit que poderá detectar o risco de que um casal saudável tenha uma criança afetada por uma doença genética grave. Antigamente falava-se de exame pré-nupcial, mas nos dias de hoje é mais realista falar em pré-concepção. Segundo os pesquisadores que engendraram o kit, ele poderá evitar um enorme sofrimento associado ao nascimento de crianças com doenças genéticas graves, além de poupar também os seguros saúde.

Serão testadas mutações para 580 doenças

Entre elas a fibrose cística e outras doenças mais raras, a um custo de 400 libras por pessoa (cerca de 1070 reais). Para doenças recessivas como a fibrose cística, a de Tay-Sachs (uma síndrome neurodegenerativa que leva ao óbito nos primeiros anos de vida) ou a galactosemia (onde afetados não consegue metabolizar a galactose), se for detectado em um casal saudável que ambos são portadores de uma mutação para a mesma doença, o risco de terem um filho afetado é de 25%.

As doenças genéticas são responsáveis por 20% das mortes infantis

Isoladamente cada doença genética é relativamente rara. Como existem centenas delas, porém, acabam tendo um impacto importante na saúde pública. Quanto maior o controle de doenças infecciosas e sociais, maior é a proporção relativa de doenças genéticas. Em países do primeiro mundo, elas respondem por 20% das mortes infantis e 10% das admissões em hospitais pediátricos.

Somos todos portadores de genes recessivos para doenças genéticas

Estima-se que todos nós sejamos portadores de cerca de 3 genes recessivos “patogênicos”. Mas é importante lembrar que eles só irão atuar em dose dupla, isto é, se uma criança herdar mutações “patogênicas” para a mesma doença de ambos os progenitores. Eu mesma descobri que sou portadora de uma mutação para fibrose cística, já falei disso em colunas anteriores, mas só haveria risco para meus descendentes se o pai de meus filhos fosse portador de mutação no mesmo gene. Se ele tiver uma mutação em outro gene, por exemplo albinismo, não há risco de que meus filhos desenvolvam qualquer uma dessas doenças.

A ideia não é nova

Testes do gênero já são realizados há bastante tempo em algumas comunidades, por exemplo, entre os judeus ortodoxos, onde os casamentos são estabelecidos de antemão. Se for descoberto que tanto a mulher como o homem são portadores de uma mutação patogênica em um mesmo gene, o casamento não é realizado. A diferença é que isso é feito para algumas doenças mais comuns como fibrose cística, doença de Gaucher, doença de Tay-Sachs entre outras. A novidade é que agora serão centenas de genes em um único kit, isto é, com um poder significativamente maior de diagnosticar casais “em risco”.

Casais “em risco”: O que pode ser feito?

Se for identificado um “casal em risco”, o Aconselhamento Genético será fundamental. Repito: o geneticista não vai aconselhar nada, simplesmente discutir as opções. Entre elas, o diagnóstico pré-implantação, ou a concepçção com óvulo ou espermatozóide doados, após certificar-se de que não possuem o mesmo gene alterado. O casal pode também optar pela adoção ou então pelo diagnóstico pré-natal e interrupção da gestação, que é permitida no Reino Unido.

São mais testes genéticos diretos ao consumidor?

Em colunas anteriores já me posicionei várias vezes contra testes em farmácia ou companhias que testam genes “fúteis” como cor dos olhos ou o risco para várias doenças complexas como diabetes, e doença de Alzheimer entre elas. Aliás em um artigo recente, a prestigiosa revista New England Journal of Medicine mostrou que o resultado desses testes não teve nenhum impacto nos consumidores. Ninguém mudou o estilo de vida (hábitos alimentares ou prática de exercícios) em função dos testes. Ainda bem, porque esses testes são muito pouco confiáveis. Mas nesse caso, a proposta é diferente. Serão doenças causadas por um único gene (herança dita Mendeliana) cujos testes são fidedignos.



Em busca do bebê perfeito?


Como sempre, há quem se oponha. De acordo com alguns, isso parece eugenia. Ou, as pessoas poderão ficar estigmatizadas. É importante repetir. Ninguém é obrigado a fazer o teste. Mas casais que decidirem se submeter a ele e descobrirem que têm um risco aumentado poderão planejar sua futura prole de acordo, evitando o nascimento de crianças com doenças graves. Por outro lado, é fundamental reforçar que esses testes podem aumentar a chance, mas nunca garantir um bebê saudável ou perfeito.