terça-feira, 31 de julho de 2012

SETE ERROS CIENTÍFICOS QUE ORIGINARAM DESCOBERTAS


Os erros científicos nem sempre terminam em derrota e esbanjamento de dinheiro. Alguns geram novas descobertas interessantes. Um dos exemplos mais famosos é o Viagra, que originalmente foi criado para tratar a angina de peito. Ainda que o medicamento não conseguiu aumentar o fluxo de sangue no coração, os pacientes notaram um curioso efeito colateral: outra parte do corpo tinha um aumento de sangue considerável.


A penicilina, o bromento de potássio e inclusive o próprio Big Bang foram descobertos casualmente, por acidente. Veja os outros seis depois do científico salto.

Brometo de potássio
Não faz muito tempo, a masturbação era vista como o pai de todos os males. Era o próprio diabo que tomava o corpo dos onanistas. Tentaram fazer de tudo para evitá-lo, até que descobriu-se o Brometo de potássio. Os pacientes aos quais era administrado tinham um menor índice de masturbação e por isso foi proclamado como a solução definitiva. Pouco depois, notou-se que o remédio não fazia efeito somente na libido senão em toda a atividade dos indivíduos daquela época. Foi rebatizado como sedante e hoje é usado como droga veterinária, como uma droga antiepilética para cães e gatos.

Penicilina
Um clássico. Alexander Fleming descobriu que um mofo tinha contaminado algumas culturas bacterianas. Não obstante, a área que rodeava o mofo, estava livre da bactéria! Fleming predisse que teve um efeito antibacteriano. A descoberta valeu-lhe um prêmio Nobel.

O Big Bang
Arno Penzias e Robert Wilson estavam certo dia atarefados arranjando uma antena de comunicação via satélite. Não obstante, testaram apontá-la à Via Láctea. Enquanto moviam-na para aqui e e acolá, deram-se conta de que tinha um ruído de fundo que não devia existir. Mas aparecia apontassem para onde apontassem, tendo objetos celestes ou não. Quando deram uma olhada no seu interior, viram ninhos de pombas. Mas depois de limpá-la, o ruído persistia. Resultou que o que captavam era a radiação cósmica de fundo, que é considerada o resíduo do Big Bang. Novamente um prêmio Nobel foi outorgado por esta acidental descoberta.

Os Raios X
William Roentgen, físico, estava tentando fazer com que uma corrente elétrica atravessasse um tubo de vidro com um gás em seu interior. O gás brilhou inesperadamente. Para continuar com seu experimento sem aquele brilho incômodo, recobriu o tubo com um grosso papel. O brilho manteve-se, mas desta vez vinha de uma tela tratada com elementos pesados, situada a alguns metros de distância. Depois de algumas experiências, compreendeu que tinha descoberto um raio que passava através de elementos leves mas não dos pesados: os raios X.

O cristal de segurança
Bem, como muitas outras coisas na vida, foi descoberta graças à falta de higiene. Ocorreu que um pesquisador torpe jogou um copo no chão. Não obstante, ainda que tenha quebrado, não se dividiu em afiados caquinhos. Interessando-se pelo estranho acontecimento, perguntou-se a si mesmo o que havia acontecido: uma solução de nitrato de celulose, parecido a um plástico líquido. Pelo visto, por não ter sido limpo de forma eficiente, ao solidificar e ficar como uma fina camada transparente: recobriu o cristal interior e impediu sua fragmentação.

A sacarina
Fahlberg. É o nome de um senhor que trabalhava com alcatrão de carvão, que chegava em casa com as mãos mais negras que um poço de petróleo. Porcalhão que era, pegou uma fatia de bolo e provou sem ao menos lavar as mãos nem nada. Pareceram=lhe mais doces do que deviam ser e perguntou a sua mulher se tinham algo especial, mas ela lhe disse que não e que era a mesma massa de sempre. Resultou que eram suas mãos que adocicaram ainda mais a fatia do bolo.

Isto é para vermos que às vezes se equivocar dá melhores resultados.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

ANALGESIA CONGÊNITA: CONHEÇA A HISTÓRIA DO HOMEM QUE NÃO SENTE DOR

Steven Pete e seu irmão nasceram com um raro mal genético chamado analgesia congênita. Os dois americanos (do Estado de Washington) cresceram com o sentido do toque, mas sem jamais terem sentido dor , como Steve explica no depoimento a seguir:

"A primeira vez que ficou claro para os meus pais que algo estava errado foi quando eu tinha apenas cinco meses de vida. Eu comecei a mastigar minha língua à medida que meus dentes nasciam. Meus pais me levaram a um pediatra, onde passei por uma bateria de exames. Primeiro, acenderam um isqueiro na sola do meu pé e esperaram que se formasse uma bolha na pele. Logo que perceberam que eu não reagia, começaram a espetar agulhas nas minhas costas. Como eu novamente não respondi, chegaram à conclusão que eu sofria de analgesia congênita. A essa altura, eu já havia mastigado cerca de um quarto da minha língua.



Eu e meu irmão crescemos em uma fazenda. Meus pais tentaram ser protetores sem nos sufocar. Mas, quando você vive no campo, e especialmente se você é um menino, você quer ficar fora de casa, explorar e aprontar um pouco. Por isso, no início da minha infância, eu faltei muito à escola por causa de lesões e doenças.

Certa vez, acho que num rinque de patinação, quebrei a minha perna, mas não lembro dos detalhes. As pessoas apontavam para mim porque as minhas calças estavam cobertas de sangue da área em que o osso saiu. Depois disso, fui proibido de patinar até que fosse bem mais velho.
Com cinco ou seis anos, funcionários do serviço de proteção ao menor me levaram da minha casa, porque alguém denunciou meus pais por agressão. Fiquei sob os cuidados do Estado por cerca de dois meses.
E, quando voltei a quebrar a perna, eles finalmente perceberam que meus pais e meu pediatra estavam falando a verdade sobre a minha condição de saúde.

'Vai sentir dor quando eu acabar com você'

Na escola, muitas crianças me perguntavam sobre o que eu tinha. "Por que você está usando gesso?", eles questionavam. A maior parte do tempo eu estava engessado, até completar 11 ou 12 anos. E frequentemente me envolvia em brigas. Sempre que um menino novo entrava na escola, as crianças tentavam convencê-lo a brigar comigo, como uma espécie de introdução à escola. E me diziam: "Se você não sente dor, vai sentir quando eu acabar com você".
Hoje, não me considero uma pessoa particularmente imprudente. Acho até que sou mais atento do que a maioria, porque sei que, se eu me machucar, não saberei a gravidade do machucado. Lesões internas são as que mais me amedrontam, especialmente apendicite. Em geral, se tenho qualquer problema estomacal ou febre, vou direto para o hospital só por precaução.

A última vez que quebrei um osso, a minha mulher percebeu antes que eu. Meu pé estava inchado, com coloração preta e azul. Fui ao médico, passei pelo raio-x e descobri que tinha quebrado dois dedos e que precisaria usar gesso. Eu precisava trabalhar no dia seguinte. E, se estivesse engessado, teria que ficar afastado do trabalho por um bom tempo. Então disse aos médicos que eu podia me cuidar. Voltei para casa, peguei fita isolante, prendi meus dedos, vesti uma bota e fui trabalhar.



Uma das coisas que terei que enfrentar em breve é o fato de que não terei mais a minha perna esquerda. Já passei por tantas cirurgias no meu joelho esquerdo que chegou num ponto em que os médicos disseram que só me resta esperar que a perna pare de funcionar. Quando isso acontecer, ela terá de ser amputada.
Eu tento não pensar a respeito. Tento não deixar que isso me afete.
Mas não posso evitar o pensamento de que a analgesia congênita foi uma das razões pelas quais meu irmão decidiu se suicidar. Suas costas estavam ficando cada vez pior. Ele estava quase se formando em uma universidade local, e os médicos disseram que, em um ano ou um ano e meio, ele ficaria preso a uma cadeira de rodas. Ele era uma pessoa que gostava do ar livre - gostava de sair, de pescar e caçar. Mas quando ele tentou receber algum tipo de ajuda financeira por sua debilidade quando ela chegasse, a resposta do juiz foi: "Se você não sente dor, não tem motivo para receber nenhuma assistência".



O negócio é que, no caso do nosso problema, muitas pessoas que nos veem deduzem que somos saudáveis. Mas elas não têm ideia de que o meu corpo pode parar de funcionar a qualquer momento, que ele está todo machucado. Eu tenho artrite severa nas minhas juntas. Não é dolorido - eu não sinto nenhuma dor -, é apenas um incômodo. Mas às vezes é difícil andar. A sensação é de pressão, como se minhas juntas estivessem latejando. Alguns dias isso me deixa mau humorado. Isso limita a minha mobilidade.
Quanto aos médicos, acho que eles entendem o meu problema. Eles só não entendem o componente humano disso - a psicologia do que pode acontecer quando você cresce sem conseguir experimentar a dor."


Analgesia congênita
- Portadores não sentem dor, e excessos de calor ou frio não são sentidos como perigosos
- Distúrbio genético que afeta menos de uma pessoa em 1 milhão
- Enquanto bebês, portadores podem morder sua lingua e seus dedos, ou se queimar sem perceber
- Alguns pais colocam óculos protetores, capacetes e meias nas mãos das crianças portadoras, para protegê-las
- Pode causar artrite e problemas de crescimento
- Causa é desconhecida, e o mal não tem tratamento ou cura


CONHEÇA O CIENTISTA DA SÉRIE "THE BIG BANG THEORY"

Todos os roteiros do seriado favorito dos nerds passam pelas mãos do físico David Saltzberg. Ele revisa e corrige os erros que podem aparecer nas falas dos personagens. Às vezes, é ele quem dá o toque científico às cenas. Abaixo, Saltzberg fala sobre o trabalho como consultor científico da série.


Além de revisar o script, você pode sugerir assuntos científicos. Você é livre para falar sobre o que quiser?
Às vezes, os escritores só querem que eu complete com algo que tenha a ver com o episódio. Mas, quando posso escolher, prefiro colocar coisas sobre física elementar, coisas que você aprende no primeiro ano. Por exemplo, gosto quando Sheldon ensina física para a Penny, como quando eles estão puxando uma caixa para o andar de cima e falam sobre isso. Gosto porque assim a maior parte das pessoas pode entender. Mas também é divertido colocar algo bem específico, novo, porque depois eu recebo e-mail das pessoas dizendo "ei, eu vi isso no programa!".

Você conversa com os atores? Ou só com os escritores?
Eu falo mais com os escritores. É incrível como os atores fazem tudo certinho, mesmo sem falar muito comigo. Quer dizer, eu os vejo, falo com eles, mas geralmente não conversamos muito sobre ciência. E o incrível é que eles não só falam com a pronúncia correta, como também entendem o resumo das teorias. Eles também pesquisam, quando recebem o script, para saber do que se trata o assunto. Apenas uma vez o Sheldon pronunciou uma palavra errada, então precisei falar com ele. Mas dificilmente isso acontece.

Você é responsável pelas fórmulas escritas nas lousas da série. Qual é o seu critério?
É uma escolha pessoal. Às vezes as equações têm alguma relação com o assunto das discussões que os personagens fazem. Por exemplo, quando Howard estava para ir ao espaço, havia umas equações sobre sondas orbitais. Quando aparecem pedaços de ciência nos diálogos, eu coloco as equações sobre esse assunto. Mas, se não há nada, opto por coisas de física contemporânea ou estudos recentes. Ou coloco coisas que eu gosto mesmo.

Já deixou passar algum erro?
Algumas temporadas atrás, eles estavam perseguindo um grilo no apartamento, que cantava de um jeito específico. E o canto dos grilos varia de acordo com a temperatura. Então há uma equação feita para descobrir a temperatura por meio do canto dos grilos. Quem a formulou foi o cientista A. E. Dolbear. E no script o primeiro nome estava como Emile, e deixei passar, mesmo sabendo que o primeiro nome era Amos. E eu percebi o erro só depois do episódio ir ao ar, e me senti mal. O neto dele entrou em contato comigo para nos corrigir. Eu me desculpei e o convidei para assistir a uma gravação.

Você é o cientista mais próximo dos personagens, então pode ser uma espécie de inspiração para eles. Você já se viu em algum diálogo, em uma maneira de agir?
Acho que todos nós temos esses momentos quando Leonard ou Sheldon dizem alguma coisa, e você já disse exatamente a mesma coisa anos atrás. É esquisito. Mas não acho que eles estejam se baseando em mim. Qualquer cientista pode se ver na série.

Já sugeriu alguma piada?
No começo eu tentava sugerir, mas parei. Eles são muito mais engraçados do que eu.

sábado, 14 de julho de 2012

O QUE É O GATO DE SCHRÖEDINGER?


Você com certeza já deve ter ouvido falar nele. Lembra daquela cena de um episódio do “The Big Bang Theory”, onde o personagem Sheldon tenta explicar sobre um certo gato, numa caixa, que estaria morto e vivo ao mesmo tempo? Pode parecer loucura, mas o Genno e Scientia tentará explicar direito essa história pra você, leitor, que também ficou curioso pra saber mais sobre a história do bichano.


Não é espiritismo, nem bruxaria. Erwin Schrödinger, físico austríaco e um dos cientistas mais inteligentes da sua época, foi quem desenvolveu o polêmico experimento em 1935, contribuindo de maneira inimaginável para o desenvolvimento da física quântica em sua época.  Schrödinger já foi vencedor do prêmio Nobel e trocava cartas com nomes famosos da ciência, como o próprio Albert Einstein, por exemplo, sobre diversas de suas ideias.

O Gato de Schrödinger consiste num experimento mental e imaginário, onde um gato, no papel de cobaia, é trancado numa espécie de caixa de aço juntamente com um recipiente contendo material radioativo e um contador Geiger, aparelho detector de radiação, que devem ser mantidos fora de contato com o animal. Se esse material soltar partículas radioativas, o contador percebe sua presença e aciona um martelo, que, por sua vez, quebra um frasco de veneno, matando o gato dentro da caixa. De acordo com as leis da física quântica, a radioatividade pode se manifestar em forma de ondas ou de partículas, e uma partícula pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Logo, sugere-se que depois de um tempo, o gato está simultaneamente vivo e morto. Mas, quando olha-se dentro da caixa, apenas se vê o gato ou vivo ou morto, não uma mistura de vivo e morto.


Um gato, junto com um frasco contendo veneno, é posto em uma caixa lacrada e protegida. Se um contador Geiger detectar radiação, então o frasco é quebrado, liverando veneno que mata o gato. A mecânica quântica sugere que depois de um tempo, o gato está simultaneamente vivo e morto. Mas, quando olha-se dentro da caixa, apenas se vê o gato ou vivo ou morto, não uma mistura de morto e vivo.

De uma forma mais clara: O gato aparece vivo, porque, nessa versão da realidade, nada foi detectado pelo contador Geiger. O gato surge morto, pois nessa outra versão do mesmo instante de tempo o contador Geiger detectou uma partícula e acionou o martelo. O veneno do frasco partido matou o bichano.
Seguindo o raciocínio de Schrödinger, as duas realidades aconteceriam simultaneamente e o gato estaria vivo e morto ao mesmo tempo (até que a caixa fosse aberta!). A presença de um observador acabaria com a dupla realidade e ele só poderia ver ou um gato vivo ou um gato morto.

Parece uma grande loucura, não? Contudo, esse experimento foi baseado em um dos princípios mais importantes da física, o Princípio da Incerteza, que sugere que não podemos determinar com precisão e simultaneamente a posição e o momento de uma partícula. O experimento do Gato de Schrödinger (infelizmente) é puramente teórico, e o esquema proposto jamais poderá ser construído.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

AS IMAGENS MAIS INCRÍVEIS DA CIÊNCIA EM 2012

O Wellcome Awards premia as imagens mais incríveis e revolucionárias da ciência todos os anos, no Reino Unido. Para ganhar o título de melhor imagem, a foto precisa ser impactante e informativa. Confira abaixo uma seleção feita pelo Genno e Scientia, para ver a galeria completa, acesse o site do prêmio: http://www.wellcomeimageawards.org


Um close na espécie de mosquito Psychodidae. Você deve conhecê-lo como o mosquitinho de banheiro, já que eles buscam lugares úmidos para depositar seus ovos - preferencialmente pias e boxes de chuveiro.
Crédito: KEVIN MACKENZIE



A imagem ganhadora do concurso Wellcome Awards retrata um cérebro, antes de ser submetido a uma cirurgia. A área retratada é o córtex de um paciente epiléptico que, depois do procedimento, parou de sofrer com crises. Crédito: ROBERT LUDLOW



Cristal de cafeína - em cores falsas, a imagem retrata um cristal de cafeína que mede 500 mícrons. Em plantas, a substância funciona como um pesticida natural, capaz de paralisar e até de matar alguns insetos.
Crédito: ANNIE CAVANAGH e DAVID MCCARTHY



Essa esfera é uma espécie de fitoplâncton. Os fitoplânctons são conhecidos por terem uma enorme variedade de formatos e padronagens e este, em específico, parece muito com o símbolo universal da radioatividade. Crédito: ANNE WESTON



Lavender, que é nativa da região mediterrânea, é um arbusto perene que cresce a cerca de três metros de altura e tem pequenas flores azuis ou roxas e folhas estreitas cinza. A Lavanda produz um óleo que pode ser utilizados em bálsamos, pomadas, perfumes, cosméticos e aplicações tópicas. É também usado para auxiliar o sono, para relaxar e para aliviar a ansiedade. 
Crédito: ANNIE CAVANAGH AND DAVID MCCARTHY



Broto de Arabidopsis Thaliana: a amostra foi manchada com iodeto de propídio quatro anos antes de ser fotografada, causando uma oxidação que, por sua vez, provocou a coloração diferente.// Crédito: FERNAN FEDERICI e JIM HASELOFF


quinta-feira, 12 de julho de 2012

O QUE É TEORIA DA RELATIVIDADE?



É a idéia mais brilhante de todos os tempos - e certamente também uma das menos compreendidas. Em 1905, o genial físico alemão Albert Einstein afirmou que tempo e espaço são relativos e estão profundamente entrelaçados. Parece complicado? Bem, a idéia é sofisticada, mas, ao contrário do que se pensa, a relatividade não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. A principal sacada é enxergar o tempo como uma espécie de lugar onde a gente caminha. Mesmo que agora você esteja parado lendo o Genno e Scientia, você está se movendo - pelo menos, na dimensão do tempo. Afinal, os segundos estão passando, e isso significa que você se desloca pelo tempo como se estivesse em um trem que corre para o futuro em um ritmo constante. Até aí, nenhuma novidade bombástica. Mas Einstein também descobriu algo surreal ao constatar que esse "trem do tempo" pode ser acelerado ou freado. Ou seja, o tempo pode passar mais rápido para uns e mais devagar para outros. Quando um corpo está em movimento, o tempo passa mais lentamente para ele.

Se você estiver andando, por exemplo, as horas vão ser mais vagarosas para você do que para alguém que esteja parado. Mas, como as velocidades que vivenciamos no dia-a-dia são muito pequenas, a diferença na passagem do tempo é ínfima. Entretanto, se fosse possível passar um ano dentro de uma espaçonave que se desloca a 1,07 bilhão de km/h e depois retornar para a Terra, as pessoas que ficaram por aqui estariam dez anos mais velhas! Como elas estavam praticamente paradas em relação ao movimento da nave, o tempo passou dez vezes mais rápido para elas - mas isso do seu ponto de vista. Para os outros terráqueos, foi você quem teve a experiência de sentir o tempo passar mais devagar. Dessa forma, o tempo deixa de ser um valor universal e passa a ser relativo ao ponto de vista de cada um - daí vem o nome "Relatividade". Ainda de acordo com os estudos de Einstein, o tempo vai passando cada vez mais devagar até que se atinja a velocidade da luz, de 1,08 bilhão de km/h, o valor máximo possível no Universo.


A essa velocidade, ocorre o mais espantoso: o tempo simplesmente deixa de passar! É como se a velocidade do espaço (aquela do velocímetro da nave) retirasse tudo o que fosse possível da velocidade do tempo. No outro extremo, para quem está parado, a velocidade está toda concentrada na dimensão do tempo. "Einstein postulou isso baseado em experiências de outros físicos e trabalhou com as maravilhosas conseqüências desse fato", diz o físico Brian Greene, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, autor do livro O Universo Elegante, um best seller que explica em linguagem simples as idéias do físico alemão. Mas as descobertas da Relatividade não param por aí. Ainda em 1905, Einstein concluiu que matéria e energia estavam tão entrelaçadas quanto espaço e tempo. Daí surgiu a célebre equação E = mc2 (energia = massa x a velocidade da luz ao quadrado), que revela que uma migalha de matéria pode gerar uma quantidade absurda de energia.

Por fim, em 1916, Einstein examinou a influência do espaço e do tempo na atração entre os corpos e redefiniu a gravidade - até então, a inquestionável física clássica de Isaac Newton (1642-1727) considerava apenas a ação da massa dos corpos. Sua Teoria da Relatividade, definida em uma frase dele mesmo, nos deixou mais próximos de "entender a mente de Deus".


Uma descoberta genial


Einstein mostrou que espaço, tempo, massa e gravidade estão intimamente ligados


1 - Segundo o físico alemão Albert Einstein, tudo no Universo se move a uma velocidade distribuída entre as dimensões de tempo e espaço. Para um corpo parado, o tempo corre com velocidade máxima. Mas quando o corpo começa a se movimentar e ganha velocidade na dimensão do espaço, a velocidade do tempo diminui para ele, passando mais devagar. A 180 km/h, 30 segundos passam em 29,99999999999952 segundos. A 1,08 bilhão de km/h (a velocidade da luz), o tempo simplesmente não passa

2 - Uma conseqüência dessa alteração da velocidade do tempo é a contração no comprimento dos corpos. Segundo a Teoria da Relatividade Especial - a primeira parte da teoria de Einstein, elaborada em 1905 -, quanto mais veloz alguma coisa está, mais curta ela fica. Por exemplo: quem visse um carro se mover a 98% da velocidade da luz o enxergaria 80% mais curto do que se o observasse parado

3 - Na chamada Teoria Geral da Relatividade (a segunda parte do estudo, publicada em 1916), Einstein usou a constatação anterior para redefinir a gravidade. Isso pode ser demonstrado com um exemplo simples: em alguns tipos de brinquedo comum em parques de diversões, a rotação da máquina mantém as pessoas grudadas na parede pela força centrífuga, como se houvesse uma "gravidade artificial".

4 - A gravidade real também funciona assim. O Sol curva tanto o espaço ao seu redor que mantém a Terra em sua órbita - como se ela estivesse "grudada na parede", lembrando o exemplo do brinquedo. Já a força que prende as pessoas ao chão é a curvatura criada pela Terra no espaço ao seu redor. Einstein também descobriu que, quanto maior a gravidade, mais lento é o ritmo da passagem do tempo. Por isso, ele chamou essa força de "curvatura no tecido espaço-tempo".

5 - Uma aplicação prática da Relatividade é a calibragem dos satélites do GPS, que orientam aviões e navios. Pela Relatividade Especial, sabe-se que a velocidade de 14 mil km/h dos satélites faz seus relógios internos atrasarem 7 milionésimos de segundo por dia em relação aos relógios da Terra. Mas, segundo a Relatividade Geral, eles sentem menos a gravidade (pois estão a 20 mil km de altitude) e adiantam 45 milionésimos de segundo por dia. Somando as duas variáveis, dá um adiantamento de 38 milionésimos por dia, que precisa ser acertado no relógio do satélite. Portanto, se não fosse pela teoria de Einstein, o sistema acumularia um erro de localização de cerca de 10 quilômetros por dia.


Um novo livro da coleção "Para Saber Mais" ajuda você a mergulhar fundo nestas fascinantes idéias de Einstein. Teoria da Relatividade, do físico Oscar Matsura já está nas bancas.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

QUAL A DIFERENÇA ENTRE BEBIDA DESTILADA E FERMENTADA?

A principal delas nós aprendemos na prática: as destiladas contêm muito mais álcool do que as fermentadas (vinho e cerveja). O que pouca gente sabe é que todo destilado surge primeiro como fermentado - a primeira etapa na fabricação do uísque, por exemplo, é a fermentação dos grãos de cevada, que, por si só, já nos dá a cerveja. Isso acontece porque a fermentação de cereais ou de frutas é a forma primordial de obter álcool. Para isso, os sucos extraídos dessas matérias-primas são misturados a leveduras, fungos que se alimentam de açúcar, produzindo álcool em troca: a fermentação propriamente dita. "Quando acaba a fermentação, não há mais açúcar para ser convertido em álcool", diz o biólogo Cássio Cunha, que trabalha para um grande fabricante de bebidas.


Como fazer, então, os aguardentes, conhaques e vodcas, que trazem de 40% a 60% de álcool? A destilação existe para isso: tornar mais concentrado o pouco álcool presente nos líquidos fermentados. O primeiro passo é ferver esses líquidos. Como o ponto de ebulição do álcool (78,5°C) é inferior ao da água (100°C), obtém-se um vapor rico no primeiro. Ao ser condensado, esse vapor forma um líquido que pode ter até 70% de álcool. Dependendo da bebida que está sendo fabricada, mistura-se, então, um pouco de água para suavizar a birita.


Dos baixos aos altos teores 
O mesmo cereal produz a cerveja (fermentada) e o uísque (destilado)

1. A matéria-prima da cerveja e do uísque é o malte (cevada especialmente tratada para produzir açúcar). Ele é misturado com água e segue para a fermentação

2. A fermentação é causada pelas leveduras, microorganismos que se alimentam de açúcar e expelem álcool

3. Do líquido resultante sai a cerveja, com cerca de 5% de álcool

4. Na fabricação do uísque, o líquido fermentado vai para a destilação. Nesse processo, ele é aquecido até evaporar

5. Como o álcool evapora mais rápido que a água, o vapor que se forma no início do aquecimento apresenta uma maior concentração alcoólica

6. Quando parte do vapor é condensada, forma-se um líquido com 20% de álcool

7. O processo de destilação é repetido e a concentração de álcool pode chegar a 70%. O resultado é o uísque