terça-feira, 13 de março de 2012

DERRUBANDO MITOS DO FILHO ÚNICO

Esqueça os estereótipos sobre crianças que crescem sem irmãos. Especialistas garantem que elas podem se tornar adultos tão ou mais saudáveis do que aquelas que crescem em grandes famílias.


Visto pelos colegas de escola como um ser solitário, até um pouco estranho, e observado pelos adultos à sua volta com um ligeiro ar de pena, o filho único era sinônimo de garoto mimado, egoísta e, por vezes, antissocial. De fato, representava uma exceção na família brasileira. Mas mudanças sociais e econômicas estão deixando a árvore genealógica nacional cada vez mais enxuta e as crianças sem irmãos avançam nas estatísticas e se tornam regra, sobretudo nos grandes centros urbanos. Se nos anos 1960 os casais tinham, em média, mais de seis filhos, hoje não chegam a dois por família. A boa notícia é que o patinho feio virou cisne: especialistas afirmam que reinar soberano entre pai e mãe não torna a pessoa necessariamente complicada. Ao contrário, tende a garantir adultos mais bem formados e inteligentes.


Um dos motivos é a concentração de investimento no único rebento. A pesquisadora americana Judith Blake, por exemplo, concluiu em seu livro “Family Size and Acheivement” que os filhos únicos têm melhor desempenho escolar e se tornam adultos mais bem-sucedidos profissionalmente do que as crianças criadas em famílias grandes.
A conformação atual da sociedade contribui para derrubar o mito do filho único reizinho. Afinal, cada vez mais os pais prezam seus interesses pessoais. “O filho único acaba tendo que dividir seus pais com outras prioridades da vida deles. Então ele já não é tão soberano assim”, afirma a psicanalista Diana Corso, ela própria filha única, que vê uma virtude em crescer sem irmãos. “A experiência da solidão pode ser positiva”, diz.


Bom rendimento escolar costuma vir no pacote de características dos filhos únicos, de acordo com a psicóloga educacional americana Toni Falbo, que analisou os resultados de anos de testes padronizados que avaliavam habilidades matemáticas e de expressão verbal, comparando filhos únicos com aqueles de famílias maiores. A conclusão é que, no caso das crianças sem irmãos, a pressão vem de dois lados: junto com a cobrança dos pais, elas mesmas tendem a ser mais exigentes consigo mesmas, pois têm como referência os adultos ao redor. Um estudo de 2004 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul confirma a tese. O trabalho constatou que, entre os alunos que tiraram as melhores notas, havia uma porcentagem maior de filhos únicos.

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