sexta-feira, 20 de maio de 2011

SEXO, AMOR E TRAIÇÃO

Por: Jones Rossi, com reportagem de Breno Castro Alves (Com adaptações)
Fonte: Revista Galileu

Será que existe razão para as coisas feitas pelo coração? Gostamos de acreditar que nossa mente e nossos sentimentos vivem separados, mas quase tudo relacionado ao amor, paixão, namoro e sexo tem a ver com bioquímica, biologia evolucionista e neurologia. Só que a ciência não descobriu tudo. Ainda sobra aquele restinho de imponderável, aquele friozinho na barriga. E, cá entre nós, andar de mãos dadas com o amor da sua vida não vai deixar de ser bom só porque existe um hormônio que nos deixa felizes ao fazer isso, vai? 

Por que nos envolvemos, namoramos, casamos?

Todo aquele amor que vemos nas novelas do Manoel Carlos, nos livros da Sabrina e nos filmes com a Jennifer Aniston não teve uma origem lá muito romântica. Há 2 milhões de anos, nossos antepassados não dominavam o planeta como a gente. Se viravam como podiam nas savanas africanas, à base de sementes, frutas, raízes e carniça. Mas aí, de repente, o homem inventou as primeiras ferramentas para consumir carne e também ficou mais monogâmico. “Desconfiamos que o pacto socioeconômico entre macho e fêmea produzindo aquilo que entendemos como família surgiu aí, como estratégia para sobreviver na savana africana”, afirma o biólogo e arqueólogo Walter Neves, coordenador do Laboratório de Estudos Evolutivos da USP. Nesse ambiente hostil, aprendemos que a melhor estratégia seria viver em grupo. Era o modo mais seguro de criar os filhos: enquanto os outros mamíferos têm filhotes que já nascem andando e caçando, nós chegamos ao mundo totalmente indefesos. Dessa convivência é que nasceram sentimentos como empatia, afeto, afinidade e, por fim, o mais forte de todos: o amor. 

Os opostos realmente se atraem?


Uma pesquisa realizada pela geneticista Maria da Graça Bicalho, do Laboratório de Imunogenética da Universidade Federal do Paraná, dá pistas de que a força dos genes pode ser maior do que pensamos na hora de escolher nossos parceiros. Existe algo chamado Complexo Principal de Histocompatibilidade (conhecido pela sigla MHC), que é uma região do nosso genoma na qual ficam vários genes que determinam a resposta imunológica do nosso organismo. Do ponto de vista biológico, seria bom que os indivíduos com MHC bem diferentes ficassem juntos, para melhorar o sistema imunológico. E parece que é bem isso que fazemos. "Comparamos a compatibilidade entre os MHC de 90 casais reais com 300 casais de um grupo de controle formado aleatoriamente. Constatamos que de fato buscamos essa diferença", diz Maria. 

Por que a voz é importante na hora da conquista?

Susan Hughes, pesquisadora da Universidade de Albany, nos EUA, coordenou um estudo provando que nossa voz diz muito mais do que pensamos. Voluntários foram gravados na pouco sexy e atraente atividade de contar de zero a dez, e depois avaliaram as vozes dos outros participantes da pesquisa em uma escala que variou de "muito desagradável" até "muito atraente". O resultado mostra que homens com ombros largos e mulheres com cintura fina — características tidas como sedutoras em várias culturas pelo mundo ­— foram avaliados como os detentores de vozes mais sensuais. Além disso, também constataram que os donos destas vozes fizeram sexo mais cedo e com mais gente. "Nossas descobertas sugerem que a voz foi um fator importante para a escolha de parceiros durante a evolução humana, principalmente à noite, quando a visão é comprometida. A voz de um indivíduo oferece informações importantes sobre características biológicas de seu portador, como sua configuração corporal e comportamento sexual", afirma Susan. 
Por que preferimos pele macia? 
A Avon, uma das maiores empresas de cosméticos do mundo, lucrou US$ 2,6 bilhões apenas nos últimos quatro meses de 2009. Seu carro-chefe são os cremes rejuvenescedores. Tanto dinheiro gasto para tratar a pele tem razão de ser. Ela é uma espécie de cartão de visita que os genes apresentam aos interessados. Boa alimentação, exposição a parasitas, tudo isso transparece na pele. Além disso, o estrógeno, hormônio feminino associado à fertilidade, também deixa a cútis macia. E, ao contrário da maioria dos mamíferos, que possuem nervos sexuais apenas nos genitais, nós os temos espalhados pelo corpo todo. “O interessante de nossa espécie é que quase o corpo inteiro é pelado como um genital. Quando você vê uma mulher pelada, está basicamente olhando para um clitóris gigante, assim como homens são um grande e desengonçado pênis”, afirma Joe Quirk. 
Por que os homens gostam tanto da Mulher Melancia?

Adão Iturrusgarai

Não são só os homens, não. Macacos também apreciam traseiros avantajados. É um sinal universal de fertilidade. Centenas de culturas, da antiguidade até hoje, sempre manifestaram preferência por fêmeas com quadris 30% maiores que a cintura: a clássica mulher-violão. A nossa preferência nacional (e internacional) se justifica. Quanto mais largo é o quadril, maior é o canal do parto, o que facilita na hora de ter um filho. Antes de inventarem a cesariana, a taxa de crianças que morriam por não conseguirem passar por esse canal era elevadíssima. Há outros fatores também envolvidos. Para Joe Quirk, a gordura é a essência da feminilidade. “Diferentemente do que muitas mulheres pensam, homens não compram revistas masculinas para ver modelos magrinhas. Os homens babam pelas mulheres com todas as gordurinhas nos lugares certos: peitos e quadris.”

Por que o xaveco é tão importante?
Adão Iturrusgarai
 Existe uma razão para que os homens gastem tanta lábia e palavrório para conquistar as garotas. Um xaveco bem colocado ao pé do ouvido libera uma descarga de ocitocina, um hormônio relacionado diretamente ao comportamento em áreas como o amor. É o primeiro passo para que aquela gatinha na qual você está interessado também se interesse por você. Mas não é qualquer papinho. Não adianta chegar convidando a mulher para fazer um filme pornô na sua casa. “É uma abordagem que ganha pelo vínculo, não pelo sexo”, diz Carmita Abdo. “Tem que mostrar competência, pois vai ser avaliado desde sua abordagem: se ele sabe chegar, se sabe como conduzir e se portar. Agora, se chega meramente com necessidades básicas, viscerais, não é bem recebido. Precisa trazer algo mais elaborado, dar mais voltas.” Quem disse que seria fácil? 

2 comentários:

  1. Céus, finalmente um blog que realmente dá vontade de ler do começo ao fim. Com uma linguagem enxuta e correta e assuntos essencialmente inúteis...rs...mas interessantíssimos. Já adicionei em meus favoritos. Parabéns!

    Amanda Paz
    http://maesso.wordpress.com

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  2. Post bem interessante. A voz é usada hoje até para o detector de mentira.
    Só discordo em parte da tese da Mulher-Melancia. A pesquisa é até interessante mas hoje em dia tem gosto para tudo...

    Mandou bem!
    www.eissoaicampeao.com

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